Oi pessoal,
Vamos continuar nossa macro-tarefa sobre poesia. Para isso continuaremos conhecendo poetas do mundo lusófono. Lembrem-se que em breve vocês também serão poetas!
Exercício. Leiam os dados sobre a vida e obra dos poetas e logo alguns poemas dos poetas aqui apresentados. Depois postem seus comentarios no blog antes da quarta-feira, 18 de abril. Vocês podem procurar outros poemas destes três autores e levá-los para a aula de quarta-feira.
Cora Coralina
é uma das mais importantes poetisas da literatura brasileira. Seu
primeiro livro foi publicado em 1965, quando ela já tinha mais de 70
anos de idade. Suas palavras sábias e ao mesmo tempo doces conquistaram
milhares de leitores por falar de temas como amadurecimento, tempo,
sabedoria e amor à vida. Selecionamos aqui algumas de suas melhores
palavras que falam justamente sobre a sabedoria que o tempo nos confere,
e que sempre devemos aceitar com os aprendizados, nos tornando pessoas
melhores e mais sábias. Veja, se emocione e compartilhe...
Mulher da Vida,
Minha irmã.
De todos os tempos.
De todos os povos.
De todas as latitudes.
Ela vem do fundo imemorial das idades
e carrega a carga pesada
dos mais torpes sinônimos,
apelidos e ápodos:
Mulher da zona,
Mulher da rua,
Mulher perdida,
Mulher à toa.
Mulher da vida,
Minha irmã.’
Minha irmã.
De todos os tempos.
De todos os povos.
De todas as latitudes.
Ela vem do fundo imemorial das idades
e carrega a carga pesada
dos mais torpes sinônimos,
apelidos e ápodos:
Mulher da zona,
Mulher da rua,
Mulher perdida,
Mulher à toa.
Mulher da vida,
Minha irmã.’
(Poemas de Goiás e Estórias Mais, p.201, 1996)
A
vida tem duas faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver.
Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver.
Carlos Drummond de Andrade
Carlos Drummond de Andrade (1902–1987) foi um poeta brasileiro. "No
meio do caminho tinha uma pedra / tinha uma pedra no meio do caminho".
Este é um trecho de uma das poesias de Drummond, que marcou o 2º Tempo
do Modernismo no Brasil. Foi um dos maiores poetas brasileiros do século
XX.
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) nasceu em Itabira de
Mato Dentro, interior de Minas Gerais, no dia 31 de outubro de 1902.
Filho de Carlos de Paula Andrade e Julieta Augusta Drummond de Andrade,
proprietários rurais. Em 1916, ingressou em um colégio interno em Belo
Horizonte. Doente, regressou para Itabira, onde passou a ter aulas
particulares. Em 1918, foi estudar em Nova Friburgo, no Rio de Janeiro,
também no colégio interno.
Em 1921, começou a publicar artigos no
Diário de Minas. Em 1922, ganha um prêmio de 50 mil réis, no Concurso da
Novela Mineira, com o conto "Joaquim do Telhado". Em 1923 matricula-se
no curso de Farmácia da Escola de Odontologia e Farmácia de Belo
Horizonte. Em 1925 conclui o curso. Nesse mesmo ano casa-se com Dolores
Dutra de Morais. Funda "A Revista", veículo do Modernismo Mineiro.
Memória
Amar o perdido
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão
Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.
Amar o perdido
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão
Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.
Ausencia
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
Clarise Lispector nasceu na Ucrânia, na aldeia Tchetchenilk, no ano de
1920. Os Lispector emigraram da Rússia para o Brasil no ano seguinte, e
Clarice nunca mais voltou á pequena aldeia. Fixaram-se em Recife, onde a
escritora passou a infância. Clarice tinha 12 anos e já era órfã de mãe
quando a família mudou-se para o Rio de Janeiro. Entre muitas leituras,
ingressou no curso de Direito, formou-se e começou a colaborar em
jornais cariocas. Casou-se com um colega de faculdade em 1943. No ano
seguinte publicava sua primeira obra: “Perto do coração selvagem”. A
moça de 19 anos assistiu à perplexidade nos leitores e na crítica: quem
era aquela jovem que escrevia "tão diferente"? Seguindo o marido,
diplomata de carreira, viveu fora do Brasil por quinze anos. Dedicava-se
exclusivamente a escrever. Separada do marido e de volta ao Brasil,
passou a morar no Rio de Janeiro. Em 1976 foi convidada para representar
o Brasil no Congresso Mundial de Bruxaria, na Colômbia. Claro que
aceitou: afinal, sempre fora mística, supersticiosa, curiosa a respeito
do sobrenatural. Em novembro de 1977 soube que sofria de câncer
generalizado. No mês seguinte, na véspera de seu aniversário, morria em
plena atividade literária e gozando do prestígio de ser uma das mais
importantes vozes da literatura brasileira.
Saudade
Saudade é um pouco como fome.
Só passa quando se come a presença.
Mas às vezes a saudade é tão profunda
que a presença é pouco:
quer-se absorver a outra pessoa toda.
Essa vontade de um ser o outro
para uma unificação inteira
é um dos sentimentos mais urgentes
que se tem na vida.
Solidão
Clarice Lispector
Que minha solidão me sirva de companhia.
que eu tenha a coragem de me enfrentar.
que eu saiba ficar com o nada
e mesmo assim me sentir
como se estivesse plena de tudo.
que eu tenha a coragem de me enfrentar.
que eu saiba ficar com o nada
e mesmo assim me sentir
como se estivesse plena de tudo.
Saudade
Saudade é um pouco como fome.
Só passa quando se come a presença.
Mas às vezes a saudade é tão profunda
que a presença é pouco:
quer-se absorver a outra pessoa toda.
Essa vontade de um ser o outro
para uma unificação inteira
é um dos sentimentos mais urgentes
que se tem na vida.